quinta-feira, 31 de julho de 2025

IGREJA (CRISTÃ) EVANGÉLICA PENTECOSTAL PORTUGUESA: Os Limites do Campo de Pasto da Corrupção Espiritual

 

   
   
   Lembro-me, como se fora hoje, do dia, do momento e do lugar em que aceitei que Cristo fizesse morada em mim. Foi numa grande igreja cristã evangélica pentecostal em Lisboa. A igreja era grande não apenas porque era um salão enorme, mas especialmente porque era uma igreja composta, talvez, por milhares de cristãos que ali, ao domingo à noite, cultuavam a Deus. Era uma igreja 'mãe' de outras igrejas espalhadas um pouco por todo o Portugal Continental, ilhas insulares e nas distantes Províncias Ultramarinas, como eufemisticamente se designavam então as colónias africanas que Portugal deteve durante o regime vigente no país, à data, o designado “Estado Novo”.

   Nessa igreja pregava-se o Evangelho de Cristo tal como o podemos ler ainda hoje numa qualquer Bíblia que tenhamos ao nosso dispor. Nada se acrescentava, nada se omitia por mais conveniente que isso pudesse ser considerado por alguém. Era a Palavra de Deus, tal como ela foi revelada aos homens de todos os tempos, onde eu me incluo.

   Não tenho de memória quantas congregações tinha a Assembleia de Deus de Lisboa distribuídas pela geografia da cidade nessa altura. Seriam talvez mais de seis e menos de dez. Nessas congregações, de menor dimensão, realizavam-se também outros cultos durante a semana e mesmo no domingo à tarde. Mas ao domingo à noite, as pessoas convergiam, vindas de toda a cidade e mesmo da actualmente designada Grande Lisboa, ou arredores, se quisermos. Era aí, na rua Neves Ferreira que ocorria a grande reunião pública semanal da igreja. No final do culto, após pregado o Evangelho de Cristo, era feito o designado convite à Salvação, ou melhor dito, à aceitação de Cristo por quem ainda não o havia feito até então. A imagem que ainda hoje retenho é a das muitas dezenas de pessoas que acorriam ao convite para darem lugar a Cristo na sua vida, junto ao palanque onde estava o púlpito. Levantavam-se do seu lugar no grande salão e ali acorriam, muitas delas a chorar copiosamente, outras sorridentes ou ainda contritas face à mudança que a Palavra de Deus iniciara na sua vida. Velhos, novos, de meia idade, homens e mulheres, gente de várias condições sociais; Deus não excluí nem deixa ninguém de fora e essas pessoas mostravam-se, exteriorizando-o  de diferentes formas, arrependidas pela vida de dissolução e pecado que acabavam de deixar aos pés da Cruz de Jesus e felizes pela libertação que Deus lhes tinha dado naquele momento.

   21 de Novembro de 1971. Foi esse o dia que havia de marcar a minha vida para sempre. Não fora a primeira vez que entrara numa igreja cristã evangélica. Aliás, nessa igreja, em concreto, já tinha várias vezes, desde os meus 15, 16 anos de idade, assistido à Escola Dominical. Embora em tempos mais recuados, ainda criança, pelos  meus 10 anos de idade, tivesse já assistido ao culto cristão evangélico, uma meia dúzia de vezes, numa igreja dita protestante em Lavre, no concelho de Montemor-o-Novo. Mas  21 de Novembro foi o dia que Deus marcou na sua agenda para um encontro comigo. Naquele dia eu vi Cristo como nunca tinha visto e sentido anteriormente, apesar de alguns anos de frequência da designada Catequese Católica Romana. Foi o dia da minha redenção, do meu Novo Nascimento. Nunca mais nada seria como dantes na minha vida, e tudo mudara para muito melhor, mesmo que as contingências normais da vida e da condição humana tenham imposto percalços, e alguns mesmo durante a minha caminhada em convivência eclesial na igreja Evangélica. Talvez não fique mal, mesmo aos cristãos, usar aquela metáfora da autoria  do fotógrafo brasileiro, Nemo Nox, que tantos outros já usaram, e inclusive atribuíram erradamente a Fernando Pessoa: " Pedras no caminho ? Guardo todas. Um dia vou construir um castelo".

   O tempo não parou desde 1971. A grande igreja onde me encontrei com Cristo, já não existe; dispersou-se, dissolveu-se, transformou-se; quase sempre para pior. Mas deu pena assistir à sua degradação. Não quero dissertar sobre se são os tempos que mudam as pessoas ou as pessoas que mudam os tempos. Essa é uma questão, quiçá filosófica, que não me apetece agora abordar. Mas valha a verdade que muitas das suas "filhas" se mantiveram e desenvolveram, mesmo que transfiguradas, igualmente para melhor ou pior, conforme o nosso ponto de observação ou, como afirmou o Apóstolo Paulo aos Filipenses: "Mas que importa? Contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento ou em verdade, nisto me regozijo, e me regozijarei ainda.
Porque sei que disto me resultará salvação, pela vossa oração e pelo socorro do Espírito de Jesus Cristo".

  Independentemente daquilo em que se transformou, no sentido genérico, a igreja cristã evangélica pentecostal em Portugal  (e não falo aqui de importações corruptas ou de corruptelas provenientes do outro lado do oceano para Portugal porque essas, do meu ponto de vista, não são igrejas mas sim implantações estranhas controladas pelo grande inimigo da Cruz de Cristo - (Nota: ler artigo do meu amigo Avelino Pereira publicado no seu perfil do FB a 29 de Julho), uma coisa havemos de reconhecer: a igreja evangélica, no nosso país, abriu-se a mudanças que pareciam imperiosas aos seus dirigentes, especialmente aqueles que estavam verdadeiramente preocupados com a sua cristalização e via a 'plantação' dos pastores pioneiros na Obra de Deus em Portugal a definhar todos os dias, levada a isso por gente que achou que o tempo esperava por eles, agarrados que foram ficando a cadeiras "presidenciais". Avaliará cada um se isso foi suficiente, se as alterações nas dinâmicas da igreja  foram positivas ou negativas na tentativa de poder tornar a igreja atractiva às gerações posteriores às dos anos 60 e 70 que tinham sido castigadas com costumes farisaicos que foram impostos por dirigentes e pastores de então e que afastaram muita gente da igreja porque, convenhamos, não estavam embasados no Evangelho de Cristo mas antes na vontade de controlo férreo, e até autocrático, que esses dirigentes e pastores exerciam sobre o rebanho de Deus.                                                                                               O 25 de Abril em Portugal, ainda que não tenha sido feito para libertar os cristãos do farisaísmo autocrático dentro das igrejas evangélicas pentecostais, contribuiu muito para que o novo ambiente de liberdade do país tivesse, também na igreja, de alguma maneira, a sua influência.    

   Pese embora tudo aquilo de que falamos, que deve ser interpretado de uma forma genérica, entenda-se, acrescentamos também a existência de  uma aragem liberalizadora no ambiente interno da igreja que  trouxe coisas novas, muitas dispensáveis que, nenhum de nós poderia sequer imaginar, iriam  ajudar a estilhaçar completamente as velhas dinâmicas e organização temporal e espiritual das igrejas evangélicas pentecostais, bem como escancarariam as portas ao oportunismo e autoritarismo de muitos pastores que se proclamaram “pastores presidentes”, respaldados por um conjunto de homens por eles escolhidos a dedo.  Depois, bem, depois os poderes que lhes eram outorgados por voto de braço no ar nas Assembleias nada democráticas das igrejas que elegiam também, do mesmo modo, o grupo de outros dirigentes menores que tomavam, conforme designação a gosto, o nome de “Ministério ou Presbitério”. Este era o grupo encarregado pelo “governo da igreja”, fosse lá isso o que fosse. Na verdade este era o grupo de pessoas que, autocraticamente, decidia tudo e também aprovava tudo o que o pastor quisesse. Depois, num simulacro de Assembleia anual, lá eram postos à aprovação, de braço no ar dos membros da igreja, os ditames do tal grupo controlado pelo “pastor presidente” e cumpridor, sin qua non da sua vontade, sem qualquer escrutínio por qualquer membro, e ai daquele que pretendesse exercer esse suposto direito. Este ambiente e esta organização, que ainda existe na actualidade e que, no meu caso pessoal  tornou inexequível a minha permanência em igrejas de “pastores presidentes todo poderosos”, acabaria por abrir as brechas suficientes para a entrada e domínio de actuações e preeminência de gente ambiciosa e auto-centrada que faz das igrejas terreno fértil para os tais lobos devoradores que entraram no meio do rebanho de Cristo com um único objectivo: viver uma vida material o mais luxuosa e pretensiosa possível, sentados nas suas presidenciais cadeiras, subjugando muitas vezes alguns pastores auxiliares que mantinham debaixo do seu domínio na área geográfica onde a sua "empresa eclesial" se situasse !                  

   Aqui chegados cabe interrogar de que falamos na actualidade quando falamos de igreja ? Será que 
a generalidade das igrejas cristãs evangélicas pentecostais ainda são, no tempo que vivemos, 
dominadas pelo mover do Espírito Santo e estão sob o controlo da direcção divina ? Pela realidade que observo, e sem querer generalizar, é evidente que não. Podíamos cotejar muito mais daquilo que perscruto da realidade alargada das igrejas evangélicas pentecostais, e retiro da frase, propositadamente, a designação "cristãs".   Não o faremos. E também não iremos olhar para o panorama das aberrações e templos de Satanás que se escondem sob um manto diáfano da conjugação das palavras "igreja evangélica" ou quaisquer outras associações linguísticas que se insinuem como cristãs.

   Não precisamos, como vimos,  voltar muito atrás no tempo para verificar onde tudo começou. Mas mais do que o início da implosão/explosão das igrejas evangélicas em Portugal, importa reter, em duas ou três ideias, as principais causas para que se entenda como se chegou aqui e como se continua a andar por esse caminho.

   Remeto os meus leitores para um post publicado pelo meu amigo Avelino Pereira no seu perfil do FB no passado 27 de Julho de 2025,
e que traduz bem a corrupção a que se entregaram uma grande parte das igrejas evangélicas no Brasil e da exportação que foi feita também dessa corrupção para Portugal onde o panorama é difícil de encarar por qualquer cristão que tem a sua vida radicada na Cruz de Jesus Cristo. No entanto, o que eu desejo acrescentar é algo que não tem nada a ver com as importações de falsas igrejas evangélicas do Brasil mas sim com igrejas evangélicas do ramo pentecostal (a realidade que eu conheço por dentro) portuguesas implantadas, desde a sua existência em Portugal, há muitas décadas.

   Subscrevo, sem qualquer dúvida, tudo o que já foi escrito ou que ainda o venha a ser no futuro, sobre esta matéria, sobre este tema, e que deverá ser de aviso para quem frequenta uma igreja evangélica pentecostal. Cuidado com as corruptelas e com os púlpitos com obediências duvidosas, bem como, em geral, quem os pisa, pois como diz o Evangelho de Mateus, “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus”.

   Mas como se não bastasse a realidade do panorama que deixo aqui descrito,  ultimamente chegou-se a um outro patamar de  ambição e ganância de alguns pastores e outros líderes  ditos “cristãos evangélicos”,  por alcançarem  posições de relevância social. E eis que surge uma nova obediência a que se agregaram alguns pastores evangélicos portugueses: a Maçonaria ! Esse migração aberrante nunca foi novidade na  igreja católica romana que tem muitos padres e bispos espalhados por sociedades secretas como a Opus Dei, Maçonaria e Templários. Mas nos meios evangélicos pentecostais de matriz essencialmente portuguesa isto é novo, pelo menos para mim, ( ou talvez eu seja um pouco ingénuo…). Nunca tal me passaria pela cabeça, que pudesse vir a acontecer.

   Ao Domingo pregam no púlpito da igreja e, em outros dias quaisquer da semana, estão na “Loja”  a participar ou dirigir o plano à volta dos interesses dos “irmãos” maçónicos, seja para discorrer como conseguir os melhores, mais relevantes  e mais rendosos lugares e posições sociais onde possam influenciar o que quer que seja do seu próprio interesse ou dos “irmãos”, (sim porque também na "Loja" se tratam por “irmãos”), seja para interferir nos vários níveis da sociedade em que os seus interesses materiais sejam melhor defendidos ou sirvam para inclinar para o seu lado qualquer tipo de  benesses interesse ou posições de maior ou menor relevo. No fundo, e resumindo a coisa ao menor denominador comum, a Maçonaria ´tem montada  uma organização de 'favores em cadeia'.                                

   Sendo a Maçonaria uma sociedade secreta, tal como os Templários ou outras quaisquer do género que por aí existam, são contrárias à Cruz de Cristo e aos preceitos que Deus nos deixou exarados nas Sagradas Escrituras.

   Poderão perguntar, ‘mas o que tens contra a Maçonaria ?’. Tudo enquanto cristão. Nada enquanto cidadão desde que desenvolvam as suas actividades, sejam as que forem, dentro dos parâmetros legais portugueses. Mas parece que a Maçonaria, estando legalizada em Portugal e não chocando com a legislação portuguesa  actua,  para impor os seus interesses, nos subterrâneos da sociedade, onde poucos ou nenhuns  cidadãos portugueses conseguem perceber o que se diz por lá, o que projecta ou pensa. Nós, cidadãos ditos ‘normais’ limitamo-nos a conhecer pela rama o “modus operandis” maçónico. Conhecemos, mais coisa menos coisa, pelas incursões que alguns órgãos da comunicação social conseguem fazer aos meandros maçónicos, como funcionam as suas reuniões, os trajes ridículos que usam nessas mesmas reuniões e como são feitas as admissões dos novos  “irmãos”.  Mas tudo isso obedece a um formato, se quisermos: o secretismo absoluto. Ciclicamente podem eventualmente vir ao conhecimento geral alguns nomes de políticos, gente dos partidos, empresários e outras pessoas  com posicionamentos importantes na escala social do país. Mas, por regra, e oficialmente, nada mais para além do nome do Grão Mestre das grandes Lojas Maçónicas existentes em Portugal.

   A Maçonaria descobriu as igrejas evangélicas de matriz pentecostal portuguesa como mais um meio de preenchimento do tecido social português. Alguns pastores que se deixaram aliciar pelas facilidades obtidas com essa adesão, têm agora cargos de relevo naquela sociedade secreta. É difícil saber, com profundidade, como começou a incursão maçónica na igreja evangélica, porém é fácil saber, pela Palavra de Deus, que os aderentes ditos cristãos evangélicos da Maçonaria, estão no caminho de Judas. No Evangelho de Lucas lemos que “nenhum servo pode servir dois senhores; porque, ou há de odiar um e amar o outro, ou se há de chegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom”. Isto é válido para todos os que continuam a usar o púlpito e a servir o ‘reino maçon’. “Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz”, disse Paulo aos Filipenses. E também aos Tessalonicensses: “Porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem das trevas”.

   Este assunto é sério. Como poderemos  confiar na palavra pregada no púlpito por um pastor que partilha também mesa numa Loja maçónica ?  Tais “pastores” já não têm nada a ver com a igreja, qualquer que seja e onde esteja. Tornaram-se verdadeiros lobos devoradores de ovelhas descuidadas. Perderam-se a si próprios e levam outros a perder-se. Para eles só há um caminho: voltar aos pés da Cruz do Senhor Jesus e pedir perdão a Deus e aos membros da Igreja. E será que feito isso têm condições para voltar a exercer o pastorado de uma igreja ? Como cristão, como ser humano, eu seria levado a dizer que não, porém, não sou eu que julgo. É Cristo quem julga e decide. A Igreja é d’Ele. Só Ele lhe poderá ditar os limites.