terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

O Chef às margens do Douro


Italianos a falar com as mãos,  russos despropositados, holandeses e alemães barulhentos, espanhóis da Galiza ou galegos de Espanha, ou apenas galegos, como se queira, ingleses e irlandeses branquelas roseados, franceses espantados com um douro charmoso e, quiçá, a pedir meças ao seu Sena, orientais perseguidores de  bandeirinhas coloridas dependuradas de uma qualquer antena telescópica e portugueses em clara minoria neste concurso de etnicidades, o Chef, figura central e única da minha foto, alheio à multidão, recolhido em si, repousa e saboreia a volúpia do charuto e do conhaque, em clara contradição com a geografia dos odores e dos sabores.                                                                                                                                            
Entre o último almoço servido e o início dos petiscos vespertinos antes do jantar que se há de comer tarde, nesta tarde de um Outubro solarengo na Ribeira, a multidão  de gente e linguajares  tão  diversos clamará pelo regresso do Chef  à sua cozinha.                                         

Não, não é Havana.  Só no Porto se pode estar  assim às margens do Douro. 

Jacinto Lourenço