quarta-feira, 19 de novembro de 2025

A PONDEROSA MINISTRA E O SEU PRESUMÍVEL ORÁCULO PRIVADO

      


A
senhora da foto, Maria do Rosário Palma Ramalho, é a mesma que conseguiu um feito que seria razoavelmente difícil a qualquer outra pessoa. E conseguiu-o no papel de actual ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. O mais curioso é que o fez com um projecto que pretende romper, em absoluto, com uma parte significativa dos direitos laborais da generalidade dos trabalhadores por conta de outrem num momento em que até se verificava uma relativa paz social no universo de empresas e trabalhadores em Portugal. E fê-lo também contravertendo as suas próprias e ainda recentes opiniões pessoais, sobre a maioria da legislação do trabalho, introduzindo alterações de substância que, não só podem como estão a levar à radicalização das opções sindicais, como já visto. É com isso que a senhora ministra pretende agora incendiar o mundo laboral, a nível nacional, em quase todos os sectores da economia do país. O diálogo prévio com os sindicatos foi praticamente inexistente, o que demonstra bem a forma calculista e irresponsável com que pretende levar a sua vontade por diante. Quem lucra com isto ? Em primeiro lugar os grandes empresários e as grandes empresas. O silêncio dos patrões é bem denunciador da sua concordância com o esmagamento do direitos laborais que a ministra pretende executar.

Mas quem é esta senhora ? Pode consultar o seu Currículo na página do governo actual através do link que deixo abaixo. Provavelmente não vai encontrar nada de muito relevante ou extraordinário. Porém, noutra área da sua vida, talvez o mais interessante seja o facto de ser casada com a pessoa que esteve à frente do Novo Banco, até há pouco tempo, e que saiu após este ter sido vendido. Os novos donos do actual Novo Banco atribuiram-lhe um prémio de, segundo o jornal Observador, entre 7 a 10 milhões de euros. É obra. Desconfio que o marido da senhora ministra é provavelmente o seu conselheiro pessoal em matérias laborais já que fez carreira na CP, onde deixou um rasto de contestação dentro e fora da empresa devido às idiotas decisões tomadas que levaram a uma completa desorganização do serviço ferroviário em Portugal com graves prejuízos para quem tem que o utilizar todos os dias, mas também para a própria empresa. Passou ainda pela RAVE e Infraestruturas de Portugal. Percorreu uma boa parte do sector bancário, incluída a UNICRE, e é agora consultor sénior na empresa que ele próprio tinha contratado para fazer as avaliações de negócios com os imóveis do Novo Banco onde era o CEO. Tudo "normal" e clarinho como água... Ao seu currículo acrescenta algumas presidências e/ou direcções pro bono que ficam sempre bem e "ajudam" na construção da imagem de homem desapegado das coisas materiais... Mas também, com uns largos milhões no bolso, quem se importa por não ganhar nada com essas minudências...?
Bom, perguntarão: mas o que é que o currículo do marido da ministra do trabalho tem a ver com a acção da ministra na dissolução dos direitos dos trabalhadores ? Nada e tudo ! Suponho que à hora de jantar ou quando se levantam para ir para o emprego, o marido lhe diga que é melhor ela fazer o oposto daquilo que eram até há pouco as suas opiniões favoráveis aos trabalhadores, e isto se quer ter um bom lugar à sua espera numa grande empresa quando sair do emprego que tem no governo. É sempre assim que acontece. Já assistimos a isto várias vezes. Os ministros, em Portugal, são normalmente premiados com lugares de topo numa grande empresa após saírem do governo e depois de, na sua acção governativa, terem provido leis e medidas que beneficiem quem os vier a recrutar.
Humm !! Suponho que ela, a ponderosa ministra, ponderou, virou-se para o marido e exclamou: ' Ó António Manuel, és capaz de ter razão; é que ser catedrática na Universidade dá estatuto mas mal paga as contas dos nosso luxuosos jantares fora...'
--