sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O Significado de 'Sucesso' no diccionário de "Coelhês"- Português...


Há  já uns dias que tenho andado para aqui às voltas com o significado da palavra 'sucesso'. É que, com o pessimismo que nos chega por intermédio da  líder do FMI, dos senhores da OCDE, do Parlamento Europeu e de mais umas quantas vozes avisadas e suficientemente credíveis, por esse mundo fora, quanto ao 'sucesso' do programa de ajustamento desenhado para Portugal e executado, com excesso de zelo, pelo (des)governo de Passos Coelho, fiquei confuso quanto às minhas certezas etimológicas sobre o tão cantado 'sucesso'  com que o nosso - salvo seja - (des)governo tem vindo, todos os dias, nos últimos tempos, a brindar-nos.

Eu, que não sou de me ficar quando tenho uma dúvida, tinha agora duas dúvidas e qualquer delas estava não só a criar-me confusão na cabeça como a  atormentar-me a vida. Vai daí abri dois ou três diccionários da língua portuguesa e, por via das dúvidas e à cautela, consultei a palavra 'sucesso'. Confesso que fiquei mais descansado, pelo menos linguisticamente falando. Sucesso, afinal, quer mesmo dizer aquilo que eu tinha a certeza querer dizer, em bom português, bem entendido: "êxito" / "bom resultado". Posto isto, achei por bem escrever uma carta registada ao primeiro-ministro do (des)governo que lidera  Portugal e recomendar-lhe que fosse aprender português já que a língua em que ele nos transmite os resultados da sua (des)governação não tem nada a ver com a língua portuguesa, mesmo que esta seja encarada na perspectiva do novo (des)acordo ortográfico. Como também não consigo descortinar que língua é que ele está a falar quando vem falar do 'sucesso' da sua  (des)governação, não sei que diccionário posso consultar para entender o significado que ele atribui às palavras na língua em que se nos dirige.

Não sou economista, e por isso tive que valer-me do trabalho que alguns deles têm publicado online e disponibilizado em alguns sites, nomeadamente nos dos jornais económicos e na Pordada, para ver se, com os números divulgados entre 2011 e 2012/13, conseguia descodificar o significado que o primeiro-ministro que nos (des)governa atribui à palavra que tanto lhe enche o peito ultimamente: 'sucesso'. Ora aí vai o significado da palavra 'sucesso' para Passos Coelho, visto e revisto desde 2011 - ano em que o seu (des)governo tomou posse:   o desemprego passou de 12,7% em 2011 para 16,5 % em 2012. O défice, que foi calculado em 2011 em 4,8%  passou em 2012 para 6,5 %. A dívida pública  aumentou de 106 % em 2011 para 130 % em 2013.  Quanto à emigração  foi desde 2011, e  até ao presente, incrementada em mais de 150.000 portugueses. A falência de empresas em Portugal registou um aumento exponencial entre 2011 e 2013  de mais  62% . O PIB per capita reduziu de € 16.208 em 2011  para € 15.702 . Todos estes valores são aferidos, maioritariamente, entre 2011 e 2012 uma vez que  não encontrei ainda números finais para 2013, o que se explica pelo facto de o ano económico não ter ainda  encerrado.

É bom que não esqueçamos igualmente o 'sucesso' que o ministro Crato está a alcançar com a educação destruindo a escola pública e sustentando os empórios das escolas privadas. Os patrões destas agradecem.  Para além de tudo isto,  temos  ainda que  somar  ao sucesso (des)governativo de Passos Coelho o alcançado com a destruição do estado social, para só ficar por aqui.

Sim, agora percebo a língua falada pelo primeiro-ministro do (des)governo de meliantes que tomou Portugal de assalto. Não, nem sequer é o 'economês', é antes uma língua que só ele e os seus apaniguados entendem, a que poderíamos talvez chamar 'coelhês', e na qual o significado da palavra 'sucesso' é igual  a 'destruição total e irreversível ', com muitos sinónimos do mesmo valor linguístico.  Se ainda há gente que não entendeu, ou não quer entender a verdadeira dimensão do 'sucesso' a que o país e os portugueses foram conduzidos, então arranjem  um diccionário de português-'coelhês'-português. Há, e já agora digam a Passos Coelho que mude as pilhas da calculadora pois os resultados obtidos não estão a dar certos  na vida de milhões de portugueses...

Jacinto Lourenço